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O poder dos impotentes, Václav Havel

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2023-09-11T15:06:07

Algumas obras literárias são consideradas grandiosas somente pelo seu conteúdo, mas algumas poucas podem também ser creditadas por alterar o curso da história. No caso dos horrores do século XX, o Arquipélago Gulag de Aleksandr Solzhenitsyn é considerado "o livro que derrubou a União Soviética"; certamente merece o título, mas foi um numa vasta rede de самиздат (samizdat), livros de publicação própria e oculta que subverteram a censura pesada do bloco soviético.

Václav Havel, um poeta e dramaturgo que mais tarde se tornou o último presidente da Tchecoslováquia, e subsequentemente o primeiro da recém-formada República Tcheca, foi o autor de uma dessas obras. Seu foco não é em ideias políticas grandiosas: ao contrário, sua tese é que é nas pessoas ordinárias, os aparentemente impotentes, que na verdade todo o poder reside. Sistemas ideológicos como esses são uma reflexão de suas próprias falhas, do viver numa mentira, e por isso é sua capacidade, e sua responsabilidade, oporem-se a eles vivendo na verdade.

Crise moral

Uma das maiores preocupações do livro é a identificação correta das condições que permitiram o estabelecimento do sistema soviético. Para isso, rejeita as proposições "messiânicas" de teorias políticas. Não tem um "projeto ideal" que deve ser imposto às massas "inconscientes". Pelo contrário, Havel se concentra no que chama de pré-político: sua luta não é política, social, ou militar, mas acontece na "arena obscura do próprio ser".

Na época em que o ensaio foi escrito, o heroísmo da revolução comunista já havia há muito desvanecido, e mesmo as tentativas de ressuscitar alguns daqueles ideais via meios políticos (em alguns dos quais Havel teve participação direta) haviam falhado. A ideologia era perpetuada por causa de, em suas palavras, uma profunda crise moral.

[Nosso sistema] comanda um ideologia incomparavelmente mais precisa, logicamente estruturada, geralmente compreendida, e, em essência, extremamente flexível que, na sua elaboração e completude, é quase uma religião secular. Oferece respostas prontas para qualquer questão em absoluto; dificilmente pode ser aceita somente em parte, e aceitá-la tem implicações profundas para a vida humana. Numa era em que certezas metafísicas e existenciais estão num estado de crise, em que pessoas são extirpadas e alienadas e perdem seu senso do que esse mundo significa, essa ideologia inevitavelmente tem um certo encanto hipnótico. Para a humanidade errante oferece um lar imediatamente disponível: tudo o que alguém deve fazer é aceitá-la, e de súbito tudo fica claro novamente, a vida adquire um novo significado, e todos os mistérios, perguntas não respondidas, ansiedades, e solidões se esvaem. Certamente, paga-se caro por esse lar barato: o preço é a abdicação da própria razão, consciência, e responsabilidade, porque um aspecto essencial dessa ideologia é a consignação da razão e consciência para uma autoridade maior.

É isso que mais que qualquer coisa tornou o livro relevante mesmo fora da esfera do oriente na época (quando era, por esse motivo, também uma crítica das democracias ocidentais) e ainda o faz hoje, quase cinquenta anos depois. Apesar de discutir um ponto particular da história política, muito dele pode ser lido — como é o caso na grande literatura — como se tivesse sido escrito hoje: seu tema é a luta eterna da alma humana.

Dessa forma não só o sistema aliena a humanidade, mas ao mesmo tempo a humanidade alienada suporta esse sistema como seu próprio plano mestre involuntário, como uma imagem degenerada da sua própria degeneração, como um registro das falhas das próprias pessoas como indivíduos.

Os objetivos essenciais da vida estão presentes naturalmente em todas as pessoas. Em todas há uma ânsia pela dignidade legítima da humanidade, pela integridade moral, pela liberdade de expressão do ser e um senso de transcendência sobre o mundo da existência. Ainda assim, ao mesmo tempo, cada pessoa é capaz de, num grau maior ou menor, contentar-se em viver na mentira. Cada pessoa de alguma forma sucumbe à trivialização profana de sua humanidade inerente, e ao utilitarianismo. Em todos há uma disposição para se juntar à massa anônima e flutuar confortavelmente pelo rio da pseudo-vida. Isso é muito mais que um simples conflito entre duas identidades. É algo muito pior: é um desafio à própria noção de identidade.

O verdureiro

Assim como reconhece a inaptidão dos meios políticos como solução para questões morais, Havel também não atribui culpa (ou salvação) a nenhuma facção em particular. Ao invés disso, seus "personagens" centrais são pessoas ordinárias: um verdureiro, uma empregada de escritório, um cervejeiro, etc.

O gerenciador de um mercado de frutas e vegetais põe em sua janela, junto às cebolas e cenouras, a citação: "Trabalhadores do mundo, uni-vos!". Por que faz isso? O que está tentando comunicar ao mundo? Está genuinamente entusiástico sobre a ideia de união entre os trabalhadores do mundo? Seu entusiasmo é tão grande que sente o impulso irrepressível de familiarizar o público com seus ideais? Ele realmente pensou por mais de um momento em como essa unificação poderia ocorrer e o que significaria?

A apatia e complacência daqueles que escolhem mostrar sinais de sua conformidade e obediência — um espetáculo tão comum hoje quanto era em 1978 — é onde a culpa deve ser posta: naqueles que por vontade própria se deixam ser normalizados e trivializados. Isso corta a sociedade como um todo, não é "o produto de alguma vontade diabólica superior"; como Solzhenitsyn famosamente escreveu: "a linha separando o bem do mal passa não por estados, ou por classes, ou sequer entre partidos políticos — mas por todo coração humano — e por todos os corações humanos". Primeiro-ministro e verdureiro são igualmente "não-livres" em sua ignomínia.

Notemos: se o verdureiro tivesse sido instruído a mostrar a declaração "eu sou covarde e por isso inquestionavelmente obediente", não seria remotamente indiferente à sua semântica, mesmo a declaração refletindo a verdade. O verdureiro se sentiria embaraçado e envergonhado pondo uma declaração tão inequívoca da sua própria degradação na janela de sua loja, muito naturalmente, porque é um ser humano e por isso tem um senso de sua própria dignidade.

É através de suas falhas, e por causa delas, que um sistema ideológico como esse se desenvolve. Só nessa condição de degeneração moral podem outras forças tomar o comando. Mas é também a sua participação voluntária que provê as condições necessárias para a perpetuação desse sistema, como Havel incisivamente identifica. Veste a sua conduta desonrosa de um semblante de moralidade, e essa conduta é recompensada com algo que na superfície se assemelha a caráter, sem requerer qualquer virtude real. Uma co-dependência é criada entre o sistema e aqueles envolvidos nele. A vida se torna um "mundo de aparências tentando passar por realidade".

A ideologia é uma forma especiosa de se relacionar com o mundo. Oferece aos seres humanos a ilusão de uma identidade, de dignidade, e de moralidade enquanto torna mais fácil para eles se separarem delas. Como o repositório de algo supra-pessoal e objetivo, habilita as pessoas a enganarem sua própria consciência e disfarçarem sua posição verdadeira e seu modus vivendi inglório, tanto do mundo quanto delas mesmas. […] É direcionada às pessoas e a Deus. É um véu por trás do qual seres humanos podem esconder sua própria existência caída, sua trivialização, e sua adaptação ao status quo.

Verdade

A volta brilhante do livro acontece no capítulo VII, onde Havel começa a mostrar como as próprias pessoas que, por suas ações, criam e perpetuam o sistema, são aquelas que possuem nelas mesmas o poder de combatê-lo.

Imaginemos que um dia algum estalo ocorre em nosso verdureiro e ele para de exibir declarações meramente como forma de agrado. Para de votar em eleições que sabe serem uma farsa. Começa a dizer o que realmente pensa em reuniões políticas. E mesmo encontra a força em si mesmo para expressar solidariedade com aqueles que sua consciência comanda que suporte. Nessa revolta o verdureiro deixa a vida na mentira. Rejeita o ritual e quebra as regras do jogo. Descobre mais uma vez sua identidade e dignidade suprimidas. Dá à sua liberdade uma significância concreta. Sua revolta é uma tentativa de viver na verdade.

O ímpeto dessa escolha é a mesma "humanidade inerente" que ele reconhece em todas as pessoas, e só pode se manifestar como a expressão de sua existência autêntica. Tem uma moralidade intrínseca, já que é enraizada no senso de obrigação sentido por si próprio e por seus concidadãos.

A profunda crise da identidade humana trazida pela vida numa mentira, uma crise que por sua vez torna esse tipo de vida possível, certamente possui também uma dimensão moral; aparece, entre outras coisas, como uma profunda crise moral na sociedade. Uma pessoa que foi seduzida pelo sistema de valor consumista, cuja identidade é dissolvida num amálgama dos aparatos da civilização em massa, e que não tem nenhuma raiz na ordem do ser, nenhum senso de responsabilidade por qualquer coisa além da sua sobrevivência pessoal, é uma pessoa desmoralizada. O sistema depende dessa desmoralização, aprofunda-a, e é de fato uma projeção dela na sociedade.

Viver na verdade, como a revolta da humanidade contra uma posição forçada, é, pelo contrário, uma tentativa de reconquistar o controle sobre o próprio senso de responsabilidade. Em outras palavras, é claramente um ato moral, não só porque se paga tão caro por ele, mas principalmente porque não é egoísta: o risco pode trazer recompensas na forma de uma melhora geral na situação, ou não.

Sua proposição, no entanto, está longe de ser delirantemente ingênua: não há qualquer tentativa de disfarçar o fato de que as consequências dessa revolta são terríveis e potencialmente fatais. De fato, o livro é dedicado a Jan Patočka, filósofo que morreu após interrogação da polícia. O "mundo de aparências" tem que ser mantido pela força, já que não é radicado na realidade. É só porque é tão permeante a ponto de formar o "panorama da vida quotidiana" que pode continuar a existir virtualmente despercebido, e qualquer tentativa de autodeterminação é um ataque contra ele.

O verdureiro não cometeu uma ofensa simples, individual, isolada em sua singularidade, mas algo incomparavelmente mais sério. Quebrando as regras do jogo, perturbou o jogo em si. Expôs o jogo como um mero jogo. Estilhaçou o mundo de aparências, o pilar fundamental do sistema. Perturbou a estrutura de poder destruindo o que a mantém junta. Demonstrou que viver numa mentira é viver numa mentira. Penetrou a fachada exaltada do sistema e expôs as reais, baixas fundações do poder. Disse que o imperador está nu. E porque o imperador de fato está nu, algo extremamente perigoso aconteceu: por sua ação, o verdureiro se endereçou ao mundo. Habilitou todos a verem por trás da cortina. Mostrou a todos que é possível viver na verdade. Viver numa mentira só pode constituir o sistema se for universal. O princípio deve abraçar e permear tudo. Não existem quaisquer termos em que pode coexistir com o viver na verdade, e por isso todos os que saem da linha rejeitam-no em princípio e ameaçam-no em sua totalidade.

A verdade é antitética a uma vida de mentiras, e não pode ser tolerada nesse ambiente. O sistema inteiro tem que dispensá-la ou suprimi-la; e porque é finalmente uma projeção da vontade daqueles que o compõem, isso significa que essas próprias pessoas se revoltarão contra a existência verdadeira. Como os habitantes da caverna de Platão, vão se voltar contra aqueles que apontam o caminho para a liberdade de sua própria prisão.

Isso é entendível: enquanto as aparências não são confrontadas com a realidade, não parecem ser aparências. Enquanto viver numa mentira não é confrontado com viver na verdade, a perspectiva necessária para expôr sua mendácia não existe. Assim que a alternativa aparece, no entanto, ameaça a própria existência das aparências e da vida numa mentira em termos do que são, tanto em sua essência quanto em seu alcance absoluto. E ao mesmo tempo, é totalmente irrelevante quão grande é o espaço ocupado por essa alternativa: seu poder não consiste nos seus atributos físicos mas na luz que projeta naqueles pilares do sistema e em suas fundações instáveis. Enfim, o verdureiro era uma ameaça ao sistema não por qualquer poder físico ou de fato que tinha, mas porque sua ação foi além dele, porque iluminou seus arredores e, é claro, por causa das consequências incalculáveis dessa iluminação. No sistema pós-totalitário, dessa forma, viver na verdade tem mais que uma dimensão existencial (retornando a humanidade à sua natureza inerente), ou uma dimensão noética (revelando a realidade como é), ou uma dimensão moral (estabelecendo um exemplo aos outros). Também tem uma dimensão inequivocamente política. Se o pilar principal do sistema é viver numa mentira, então não é surpresa que a principal ameaça a ela seja viver na verdade. É por isso que deve ser suprimido mais severamente que qualquer outra coisa.

Apenas um deus pode nos salvar

Essa "existência autêntica" é o poder supremo que todo ser humano possui. Aqui o exemplo perfeito é a expulsão de Solzhenitsyn da Rússia: não tinha qualquer poder político ou militar, sua única força era a sua "temível fonte de verdade". Com esse ponto Havel começa a ilustrar que no mesmo espírito se encontra a resposta para a crise moral que identifica no início do livro. O homem pode reconhecer que foi criado à imagem de algo superior a ele mesmo e se empenhar nessa direção.

O verdureiro pode começar a fazer algo concreto, algo que vai além de uma reação de autodefesa pessoal imediata contra a manipulação, algo que vai manifestar seu senso recém encontrado de responsabilidade superior.
O ponto em que viver na verdade cessa de ser uma mera negação de viver numa mentira e se torna articulado de alguma forma é o ponto em que algo nasce que pode ser chamado da "vida independente espiritual, social, e política da sociedade".

É nesse movimento para a verdade que indivíduos podem encontrar autenticidade e significado verdadeiros. A satisfação provida pela aderência à ideologia é ilusória e em verdade degradante (como diz Sócrates, "porque se preenchem com aquilo que não é substancial", citando a República novamente), comparada a esse modo de vida que é uma manifestação sincera da sua própria individualidade.

Se a tarefa básica dos movimentos "dissidentes" é servir à verdade, isso é, servir aos reais objetivos da vida, e se isso necessariamente se desenvolve numa defesa de indivíduos e seu direito a uma vida livre e verdadeira (isso é, uma defesa dos direitos humanos e uma luta para que as leis sejam respeitadas), então outro estágio dessa abordagem, talvez o estágio mais maduro até agora, é o que Václav Benda chamou do desenvolvimento de "estruturas paralelas".

Nessa "segunda cultura" ou "polis paralela", escritores, filósofos, historiadores, sociologistas, professores, clérigos, pintores, músicos, cantores, etc. se tornam "dissidentes" (que Havel sempre escreve intencionalmente entre aspas) pelo simples fato de se recusarem a se renderem à força desmoralizante da "cultura" principal. No entanto, ele enfaticamente alerta que uma "existência autêntica" não é uma recomendação ao elitismo ou individualismo radical (e esse ponto nunca foi mais importante que no nosso tempo).

Experiência histórica nos ensina que qualquer ponto de partida genuinamente significativo na vida de um indivíduo geralmente tem um elemento de universalidade sobre ele. Em outras palavras, não é algo parcial, acessível somente a uma comunidade restrita, e não-transferível a qualquer outra. Pelo contrário, deve ser potencialmente acessível a todos; deve prever uma solução geral e, assim, não é só a expressão de uma responsabilidade introvertida e auto-contida que indivíduos têm por e para eles mesmos somente, mas responsabilidade por e para o mundo. Assim seria muito errado entender as estruturas paralelas e a polis paralela como um retiro a uma periferia e como um ato de isolamento, endereçando a si mesmo somente para o bem-estar daqueles que decidiram seguir tal curso, e que é indiferente ao resto. Seria errado, brevemente, considerá-las uma solução de grupo que não tem relação com a situação geral. Tal conceito, do início, alienaria a noção de viver na verdade de seu ponto de partida apropriado, que é a preocupação com os outros, transformando-a ultimamente em apenas outra versão mais sofisticada da vida numa mentira.

Apesar de ser a missão de cada indivíduo agir de acordo com suas próprias convicções, isso ainda ocorre no campo da realidade objetiva. Por todo o texto, viver numa mentira foi contrastado com viver na verdade (o artigo definido é crucial). Essa "segunda cultura" ainda tem uma obrigação para a esfera social comum, e de fato só pode derivar seu significado dela: se se isolasse em sua própria "realidade", não seria menos "esquizofrênica" que as pessoas agindo de acordo com o sistema. A relação com o cristianismo ("católico", do grego κᾰθολῐκός, significa literalmente "universal" ou "geral") é óbvia e ele é usado aqui como modelo.

Patočka costumava dizer que o mais interessante na responsabilidade é que a carregamos conosco sempre. Isso significa que a responsabilidade é nossa, que devemos aceitá-la e tomá-la aqui, agora, nesse ponto do tempo e espaço onde o Senhor nos colocou, e que não podemos escapar por mentiras ou nos mudando para outro lugar, seja um ashram indiano ou uma polis paralela. Se jovens ocidentais frequentemente descobrem que um retiro para um monastério indiano os falha como solução individual ou em grupo, então é obviamente porque, e somente porque, não têm esse elemento de universalidade, já que nem todos podem se retirar a um ashram. O cristianismo é um exemplo do caminho oposto de saída: é um ponto de partida para mim aqui e agora — mas somente porque qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer tempo, pode fazer uso dele. Em outras palavras, a polis paralela aponta além de si mesma e só faz sentido como um ato que aprofunda a própria responsabilidade por e para o todo, e como uma forma de descobrir o local dessa responsabilidade, não como um escape dela.

Essa é a sua proposição para nossa crise moral. Citando a proclamação de Martin Heidegger de que "apenas um deus pode nos salvar" dela, ele aponta não para a política, ou economia, ou direito, ou tecnologia, mas para a responsabilidade individual, além do ego, em direção à dignidade legítima da humanidade, como o Deus que pode de fato nos salvar.

Há muito percebi, no entanto, que não é tão simples e que nenhum partido de oposição por si só, assim como nenhuma lei eleitoral por si só, pode tornar a sociedade imune a uma nova forma de violência. Nenhuma medida organizacional "seca" por si só pode prover essa garantia, e teríamos muita dificuldade em encontrar nelas aquele deus que pode nos salvar.
Essas são todas áreas onde as consequências de uma revolução existencial podem e devem ser sentidas; mas o seu local mais intrínseco só pode ser a existência humana no sentido mais profundo da palavra. É só com essa base que pode se tornar uma reconstituição ética em geral — e, é claro, ultimamente política — da sociedade.

E conhecereis a verdade,
e a verdade vos libertará